Estava a pensar pela manhã sobre o amor e suas fragmentações e escudos... na verdade, o pensamento me veio a mente após a leitura de um texto de Fernando Pessoa que me fora carinhosamente enviado... o amor e suas mil faces... seu romantismo místico, sua configuração simples... suas enganações idealizadoras e/ou seu aspecto real e objetivo. Pólos opostos, conflitantes e conceitos válidos, que mostram ser possível a existência de explicação mental para o que cobre e envolve o sentimental... o uso da razão para explicar emoções sempre me atraiu muito. Acho extremamente intrigante...
“… a principal condição para realização do amor é a superação do narcisismo. A orientação narcisista é aquela em que só se experimenta como real o que existe dentro da pessoa, ao passo que os fenômenos do mundo exterior não têm realidade em si mesmos, mas são experimentados somente do ponto de vista de serem úteis ou perigosos. O pólo oposto ao narcisismo é a objetividade; é a faculdade de ver pessoas e coisas tais como são, objetivamente, e a capacidade de separar esta imagem objetiva de uma imagem formada pelos desejos e temores que se tenham. Todas as formas de psicose mostram a incapacidade de ser objetivo, em extremo grau. Para a pessoa insana, a única realidade que existe está dentro dela, é a de seus temores e desejos”.( Erich Fromm e o livro "A Arte de Amar")
Aos que julgam frios os que apenas se intitulam objetivos, um interessante conceito... o julgamento de frieza viria então do medo? Na certa, da falta de objetividade ao encarar o outro não como o que realmente é, mas como se desejaria que ele fosse. Me pergunto por que tanto medo de defeitos alheios, se somos pois todos bem e mal, bonito e feio, qualidades e defeitos, yin e yang?? O medo de encarar o outro viria então do medo de encararmos a nós próprios?
E dando sequência:
"...O amor só é possível se duas pessoas se comunicam mutuamente a partir do centro de suas existências e, portanto, se cada uma se experimenta a partir do centro de sua própria existência. Só nesta "experiência central" existe realidade humana, só aí há vivacidade, só ai está a base do amor. Assim experimentado, o amor é um desafio constante; não é um lugar de repouso, mas é mover-se, crescer, trabalhar juntamente; haja harmonia ou conflito, alegria ou tristeza, isso é secundário em relação ao fato fundamental de que duas pessoas se experimentam mutuamente a partir da essência de sua existência, que são uma com a outra por serem uma consigo mesmas, em vez de fugir de si mesmas. Só há uma prova da presença do amor: a profundidade da relação e a vivacidade e o vigor em cada pessoa envolvida; este é o fruto pelo qual o amor é reconhecido..." (Erich Fromm e o livro "A Arte de Amar")
Portanto, antes de se "querer" amar há primeiro que se conhecer a si mesmo em essência. O que é o maior complicador partindo-se do princípio de que o que ocorre na maioria das vezes é que as pessoas de fato não se conhecem... Penso então que seguindo a lógica de Erich Fromm, desprender-se e perder o medo de si próprio seriam então a forma mais ampla de se conseguir amar de dentro para fora, sem narcisismos, quebra e mudança de realidades, e endeusamento da pessoa amada no intuito de não cair na armadilha de fundar-se não no que a pessoa é de fato, mas no que se desejaria que ela fosse.
Texto postado por mim anteriormente em Coma Anárquico, e reciclado para o Imersão Voluntária. Quem já comentou, comente de novo... rs
Primeiramente, quero registrador que sou uma grande defensora da reciclagem! Well done! =)
ResponderExcluirDito isso, me pergunto... por que reciclar justamente esse texto agora? Será porque o tema anda transbordando de vc? Seria uma maneira elaborada e eloquente de dizer, simplesmente, que vc ta apaixonada?
Own!!!!! O amor!!!!
Que texto maravilhosoo Mariiii! Adorei!!!!
ResponderExcluirMuito bom te ver assim felizzzzzz!!!!!!! :)
Muitas saudadessss..
beijinhos!
Simplesmente Ame , o amor é a mola propulsora da vida. Mas para amar , é preciso olhar para dentro de si, para a partir daih enxergar e olhar o outro... Que o Amor seja o brinde eterno dos casais apaixonados ..beijos Mari
ResponderExcluirTambém tenho atração pelas ilações entre o amor e a razão... . Mas a limitações de ambos os lados. Há coisas no amor inalcançáveis para a razão, assim como o o amor é débil frente a razão - em alguns casos. A relação se torna interessante quando assumimos as razões do amor e os sentimentos da razão! Bj
ResponderExcluirinteressante reflexão..bjs
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