O assunto era "entrar no corpo", digamos assim... e o que foi dito referia-se a um desejo de ultrapassar os poros, adentrar ao corpo alheio, e por lá ficar, pousar, descansar... Me ocorreu então um leve pensamento quanto ao corpo feminino como uma casa. Um local onde abrigamos ocasionalmente um ser (por 9 meses), e voluntariamente um homem... o espaço que damos a um homem por escolha própria, de nossa parte interior mais densa. Onde deixamos que o outro entre para que por lá busque e encontre o nosso melhor. Para que por lá ele relaxe e sinta-se a vontade.
Seria natural encarar o comentário como um comentário feminino, afinal há que se considerar intensidade e sensibilidade no ponto de vista, e a auto-percepção e designação dos atos de quem promove, como assim ou assado por ter-se consciência plena de como e porquê o faz. Da intenção poética que se tem quando se abre as portas de seu corpo para que o outro entre, tome um chá ou café, sinta-se em casa e diga a que veio. Mas, para surpresa (ou não), havia sido um comentário masculino.Um concentrado devaneio masculino.
Fez-se então inevitável traçar um pararelo entao entre o comentário (devaneio ou não) e um trecho da Anais Nin (escritora que muito admiro) e mostrar claramente a união entre o pensamento feminino e masculinho desembocando num mesmo núcleo. Numa mesma percepção quanto a um ponto chave. Na mesma concepção de intensidade, abrigo e relaxamento. Por que tem que soar tão incrível?
Segue então...
"Um homem jamais pode entender o tipo de solidão que uma mulher experimenta. Um homem se deita sobre o útero da mulher apenas para se fortalecer, ele se nutre desta fusão, se ergue e vai ao mundo, a seu trabalho, a sua batalha, sua arte. Ele não é solitário. Ele é ocupado. A memória de nadar no líquido aminótico lhe dá energia, completude. A mulher pode ser ocupada também, mas ela se sente vazia. Sensualidade para ela não é apenas uma onda de prazer em que ela se banhou, uma carga elétrica de prazer no contato com outra. Quando o homem se deita sobre o útero dela, ela é preenchida, cada ato de amor, ter o homem dentro dela, um ato de nascer e renascer, carregar uma criança e carregar um homem. Toda vez que o homem deita em seu útero se renova no desejo de agir, de ser. Mas para uma mulher, o climax não é o nascimento, mas o momento em que o homem descansa dentro dela."
Anais Nin
Enfim, sem mais no momento... rss
"Da intenção poética que se tem quando se abre as portas de seu corpo para que o outro entre, tome um chá ou café, sinta-se em casa e diga a que veio." Isso é maravilhoso! Pra chegar nesse ponto de tirar a roupa as pessoas se vestem mais, de fantasia, de desejo de parecer, e não ser... Quando o bom mesmo é o contrário. Eu sempre achei muito estranho tirar a roupa e não conseguir se despir da armadura. É medo de que? De ter a alma tomada, já que o que existe depois da carne é o tudo? Bobagem. Tem coisa mais real e deliciosa que a sinestesia-mor de um preenchimento despido de tudo?? Façamos despidos de verdade
ResponderExcluirAmei o texto!!! Anaïs Nin, sempre traduzindo, e você nos lembrando... Impressionante.
Beijos cheios de saudade!!!
"... Um homem se deita sobre o útero da mulher apenas para se fortalecer ...", gostei dessa parte. Pura realidade que tem uma sequencia interessante: Alimentado, o homem se torna capaz de oferecer proteção e segurança à mulher. Ambos se completam!
ResponderExcluiruau! que lindo! climax total!
ResponderExcluirAmei o textoooo Mari!!!
ResponderExcluir"A mulher pode ser ocupada também, mas ela se sente vazia."
Realmente... Nos cercamos sempre em meio de críticas sobre os homens, ficamos sempre indignadas por determinadas atitudes mas a verdade é que no final das contas, um não vive sem o outro e como disse o Ed, ambos se completam! Infelizmente não podemos fugir deles! rsrsrs..
bjs! :)