segunda-feira, 7 de abril de 2014

40º GRAUS NO QUARTO, 80º NA ALMA...

      Calor infernal... te resta o que? Um banho... Janta, enrola e vai para o banho. Alguns minutos, muitos até. Apenas com água caindo, pensando em nada, só refrescando. Sai do banho ainda úmida e tudo cheira a refrescância, mentol e ervas. Fazer de uma terça-feira um dia incomum? Claro! Por que não? Rotinas, assim como regras foram feitas para serem quebradas... toma a mão um copo com uns três - largos - dedos de vinho. Não precisa de mais que isso. E para quebrar o silêncio? Hoje blues: Ella Fitzgerald, 1963...e ... ui... maravilha... relaxamento e silêncio mental absoluto. De algemas já nos bastam as do trabalho. Avista a janela e... por que não? O pouco do vinho já se foi... toma à mão agora um cigarro. Vai para a janela e lá fica. É mais fresco. Fuma o cigarro olhando as árvores,as casas, as luzes.
      Intoxicar-se para purificar-se... paradoxo? Talvez. Pecado? Duvido. Não acredito em nenhum. Prefiro, vejamos... pequeno delito? Perfeito! Pequeno delito. Com o som entrando pelos ouvidos, pelo corpo... baixo...de 1963. Excentricidade? Nem tanto. À meia-luz  tudo é tão mais suave... Só um momento de abstração de si mesma. Numa terça-feira com ar de sábado, em agradável própria companhia. Rompendo pequenas regras, proporcionando-se simples prazeres. Da porta para dentro é  o seu mundo. E no seu mundo você faz o que quer de si. O que quero? Por hora, só sair da rotina. Borboleteando e cantarolando em poucos trajes levemente...


Texto originalmente publicado no Coma Anárquico.