terça-feira, 25 de outubro de 2011

CITAÇÃO - Por papai...

Ele teve dificuldade em postar o comentário, o que foi bom. Pois achei que seu comentário merecia ser citado com maior espaço para ser, estar, e permanecer...

Obrigada pelos elogios, pai. Contigo aprendi a escrever no banheiro rss...
Lindo ensaio o seu também...

"Ah,
a correria...
cada vez mais corrida...
a vida...
cada dia mais ida...
o tempo...
a escorrer entre os dedos...
entre os passos...
entre os lábios...
entre o dito...
o não dito...
entre os dentes...
         zekarlus"

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

DUROU POUCO, E JÁ ERA OUTRO DIA...

Quando viu, já estava de pé.
Mochila nas costas,
Casaco esquentando,
Passagem nas mãos...
Fechou os olhos e quando abriu, já estava trabalhando.
Algumas horas, blábláblá, e quando viu já era almoço.
Engoliu a comida, fez uma hora...
E sem perceber já estava de volta ao trabalho!
Mal pôs diários e livros na mesa
E quando viu, já estava saindo.
Mochila de novo nas costas,
Casaco esquentando pouco,
Passagem de novo nas mãos...
Fechou os olhos e quando abriu, já estava no primeiro ponto
Piscou, e olhou de novo
Já entrava no segundo ônibus.
Fechou de novo os olhos, abriu e olhou pela janela...
E quando viu, já era hora de descer.
Dali, mais alguns minutos...
E quando viu, já estava no portão dela.
Mochila ainda nas costas,
Casaco esquentando médio,
Sorriso nos lábios,
Cigarro nas mãos...
Piscou, e quando viu, já estava nos braços dela
Mochila agora no chão,
Casaco agora no chão,
Edredon esquentando muito,
E ela nas mãos...
Respirou, e quando viu já estava dormindo.
E quando viu novamente, já havia acordado!
Piscou os olhos e já estava de pé.
Mochila de novo nas costas,
Casaco esquentando normal,
"nos vemos mais tarde?" nos lábios,
e cigarro e moedas nas mãos.

O dia passa muito rápido,
Quando tudo que se quer é estar junto...

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

DEIXE EM CASA O QUE NÃO PRECISA

       O celular ao despertar lhe causou enorme susto. Nunca gostou de sustos. Abriu os olhos num pulo e acionou a soneca. Mais cinco minutos, e se encaixou de novo no abraço dele. Cinco minutos depois despertava novamente em outro pulo. Levantou-se então da cama e foi para o banho. Já no banho sentiu falta de algo, mas ainda com sono não soube identificar o que. Whatever... a medida que fosse despertando do seu momentaneo estado de zumbi, identificaria aos poucos o que lhe faltava... Voltou para o quarto para se arrumar apressada. Um beijo nele : "bom dia". Outro beijo com a frase corriqueira: "estou atrasada..." "de novo..." ele deve ter pensado... Vestiu-se rapidamente, catou tudo que precisava. Celular... carregador... esparadrapo (pudera,sapatos de salto às vezes machucam...). Uma olhada ao redor... sentia como se estivesse esquecendo alguma coisa... Mais uma olhada no espelho... mais uma olhada dentro da bolsa... volta ao quarto que não é seu enquanto ele tira o carro da garagem. "Está faltando alguma coisa..." pensa novamente, enquanto procura olhando de novo ao redor. Entrega ao acaso, resolve ir embora... Carona até o ponto de ônibus. Mais alguns beijos nele, e uma rápida olhada no carro... "está procurando algo?" "Pois é, não sei bem... sinto que estou esquecendo alguma coisa..." Pega e ônibus e ruma para o trabalho.
       Chegando ao trabalho, normal. Bom dia sorridente a todos, pão na chapa na mão. Não identifica o que falta ainda. Executa algumas tarefas, sente-se mais leve e tal. Mas eis que por volta da metade da manhã... meio que como um soluço, um solavanco, um sobressalto, ela percebe o que lhe falta. Percebe quase que surpresa. Na verdade, surpresa de fato... percebe e diz a si mesma chocada: "meu deus (não que seja religiosa), estou sem dor de cabeça..." Para, dá uma respirada e se concentra nas sensações do crânio. Seria possível?? Depois de 17 dias aguda, direto, sem parar, a dor teria lhe dado uma trégua?? Se concentra no crânio de novo enquanto todos a sua volta gritam. Não dói... nenhuma dor... nada... quer dizer... uma ou 2 fisgadinhas tímidas de tempos em tempos, mas de fato... nada agudo...nada queima... nada... Com imensa estranheza constata que era a dor que lhe faltava. Era a dor que estava "esquecendo"... Sentiu-se de repente tão bem... o bom humor que já lhe era de costume estava em maior tamanho nessa manhã, era verdade... Mas não havia a sequer atribuído ao fato de estar ainda mais bem humorada por estar na verdade mais aliviada. Que estranho identificar que um mal estar possa, devido a sua constância, se tornar quase que um companheiro... um pertence... a ponto de pensar que ao sair sem dor, que estaria esquecendo alguma coisa!
       Desfranziu a testa concentrada para dar mais lugar a suavidade. Acariciou levemente a testa, para não pressionar nada... Certificou-se...Relaxou os músculos da face... Mexeu nos cabelos com calma... Soltou-os para ficar ainda mais leve...Revolveu não lutar contra nada. Não se contrariar com nada que ouvia. Não se aborrecer com nenhum fator externo. Não se cansar com nenhuma gritaria. E ficou feliz ao ver que funciona. A abstração em graus leves, ainda funciona! Olhou para dentro de si, procurou seus melhores sentimentos. Suas melhores ações. Seu melhor sorriso. Vestiu de leveza seu rosto e pegou o celular para ligar para ele. Estava feliz e pôde dizer sorrindo: "descobri o que estava faltando... estou sem dor de cabeça..."

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O TEXTO MAIS HONESTO

      Pensei semana passada no que seria para mim o meu texto mais honesto. Não dá para ser honesta e deixar de falar de si... No meu texto mais honesto creio que eu me desfaleça e me desfaça. Me descreveria? Talvez... afinal, é o meu texto mais honesto...
       No meu texto mais honesto inicio então admitindo: minha cabeça derrete várias vezes ao dia. Queima, arde, e dói, e me confunde às vezes. Por ser meu texto mais honesto posso seguir reconhecendo que se muitas vezes me perco, me perco porquê tenho chamas na mente. E que não reclamar disso não é nenhum ato nobre. É apenas protocolo. Sendo um texto tão honesto posso então dizer que minha vontade é gritar ao mundo todo o quanto me derrete a mente de minutos em minutos...e que por conta disso, me vazam os pensamentos em gotas quentes pelos ouvidos eventualmente... E admitir que isso - também eventualmente, consideremos -  faz com que eu me sinta meio triste.
       No meu texto mais honesto talvez eu também deva dizer que pouco do dia-dia me agrada. Mas que também (ora pois, pudera!) são as coisas mais simples que me deixam feliz. Posso seguir admitindo, que sou mais sensível do que pareço. E que (ainda honestamente, claro), quebro muitas vezes a sensibilidade com meu trator sentimental desengonçado. Que tenho a boca cheia de palavras pesadas e desorganizadas... porém o coração cheio de boas intenções. Mas, sem problemas! Claro! Afinal, redundante ou não, é meu texto mais honesto!
       No meu texto mais honesto faço para descansar uma pausa... paro e penso... Me volto para mim mesma e... estranho... me vejo tão menina... Retomo então meu texto mais honesto me dedicando a contar que gosto de picolé depois do almoço, que ainda conto os dias para assistir a uma banda que amo como na adolescência...que quartos totalmente escuros me dão falta de ar, que as cobranças constantes me sufocam ao extremo.
Que sinto falta de fazer a mochila e sumir ocasionalmente...
Que mesmo sabendo nadar, não nado em mar aberto - embora quisesse, admito em segredo...
E que preferia ser menos caxias.
E que me admiro às vezes por ser tão caxias.
E que - que droga! -  nem sempre encontro o equilíbrio entre ser ou não caxias.
Que gosto de livros densos, que aprecio música exótica e intensa...
E que tenho medos e angústias que não identifico a procedência.
E pesadelos os quais não identifico também.
       É meu texto mais honesto, e então posso dizer que não tenho um sonho específico. Uma ambição? Um desejo? Uma meta? Não tenho...nenhuma grande vontade a não ser viajar e conhecer lugares... E que por mais que pense e repense, apenas digo honestamente que em muito não me encaixo. Mas que também não saberia apontar para onde eu iria me encaixar.
Que temo os futuros resultados da exaustão diária...
E que o cansaço mental e físico me mutila a alma...
É meu texto mais honesto né... então apenas sigo admitindo.
Admito então que sou tão pequena...
Admito então que sou apenas, humana...